quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vamos a la playa

Ela abriu os olhos estranhando o quarto onde estava. A última vez que esteve no apartamento de praia do vovô tinha pouco mais de um ano, tempo distante, do qual, ao que parece, não se lembrava. Chegamos à noite, enquanto ela dormia. Então só percebeu onde estava pela manhã. Sentou na cama, olhou ao redor e perguntou, perplexa: - Aqui é a praia? Olhou para o chão do quarto, como se procurasse algo e, de novo: - Tem peixe aqui? Mostrei para ela a casa do vovô Roberto e da vovó Marisa, mas ela insistiu que não, que aquela era a casa dos outros avós, Mario e Marlene. Insisti um pouco, disse que a casa dos avós era em outra praia, poucas quadras dali, mas ela pareceu não se importar.
Horas depois estávamos na praia. Tempo feio, quase frio. Mas promessa para filho é sagrada. – Claro filha, claro que vamos à praia. - Olha, filha, esse é o mar! – Tem peixe, mamãe? Cadê o peixe? E a gente tenta explicar que o peixe fica lá no fundo, porque o litoral sul não é lá essas coisas, não é Caribe nem nada, então peixe, só no fundo, bem no fundo. Segundos depois de molhar os pequenos pezinhos na água veio uma onda minúscula, que a derrubou. Assustou-se, encheu o cabelo de areia e a boca de água salgada. Chorou, teve medo do mar e da onda. E eu me assustei ao ver como minha filha ainda é tão pequena, ao ser derrubada por uma ondinha assim de nada. Brincou na areia, gostou bastante da areia. Comeu batata frita, comeu tapioca da menina do guarda-sol vizinho, comeu algodão doce. Em duas horas na praia comeu mais porcaria do que em dois anos de vida. E nós, os pais, nos divertindo de ter a vida assim tão real ao nosso alcance. Levar um filho à praia era coisa para os outros, aqueles que tinham filho, aqueles que viviam num mundo tão distante da nossa realidade. E agora estávamos ali, os três, vivos, alegres, rindo das banalidades, fazendo castelinhos de areia com nossa filha. À tarde vimos os peixes no aquário, programa que também tínhamos feito há um ano. Mas dessa vez ela gostou mesmo de ver os peixes, e riu das travessuras dos pingüins, se impressionou com a cobra, cantou Sapo Cururu para os sapos e chorou ao ir embora. Gostou desse passeio também.
À noite fomos jantar fora, restaurante árabe, música e dançarinas. Mariana dançou animada, rodopiou com a amiga Olívia, que nos acompanhou no passeio. Voltamos para casa tarde, a pequena já dormindo. Um dia longo, divertido, como há tempos não víamos acontecer.
No dia seguinte acordou com febre. Resultado dos abusos do dia anterior. Voltamos para casa felizes. A vida não podia ser melhor.

12 comentários:

  1. e essa vida não é colorida o suficiente pra gente sorrir do nada, suspirar de repente e ser feliz eternamente?

    passeio booooom

    bjobjobjo

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  2. AAAAAi que sonho!
    hehehe
    Também tinha essa imagem dos pais com os filhos na praia como uma coisa muito distante, e desde que a Lara nasceu que eu não penso em outra coisa se não viajarmos com ela, para a praia, claro, quando ela tiver maiorzinha (no carnaval, por exemplo).

    Muito gostosa essa sua ida à praia, deu até frio na barriga imaginando quando for minha vez! ^^

    Beijinho!

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  3. Lindo post! As contradições de ainda tão pequena, e já tão grande. E a delicia da vida real.

    beijos

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  4. Que delícia! Este sábado também seguimos rumo a Fortaleza, Emília vai conhecer o mar!
    E duas coisas:
    1) Tapioca não é porcaria!!
    2) Lendo sua história da Mariana com a onda, lembrei demais deste livro: http://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/11215/Onda.aspx
    Emília tem, é lindo demais.

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  5. Lia,

    A tapioca não seria porcaria se (i) não estivesse recheada de presunto-queijo-calabreza-catupiry (!) e (ii) não estivesse babada da criança Isadora, a dona do guarda-sol ao lado...rsrsr

    vou ver esse livro!

    beijos

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  6. Que lindo dia para se ter alegria!
    Como cearense, mãe de paulistana, fiquei louca para apresentar Lina a praia o quanto antes. Aos 9 meses ela foi, sem entender muito bem e amou. Passamos muito tempo sem ir e agora, com 1 ano e meio, ela voltou. Mas tb teve medo do mar, das ondas. Adorou brincar com a areia.
    Ter filhos é realmente re-descobrir o mundo!!!

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  7. Eu nunca tinha imaginado que poderia ser tão prazeroso um passeio tão simples. Filho enche a gente de alegria mesmo!!!
    Beijos!

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  8. que delicia...tava lendo teu comentário outro dia em algum blog....marianinha vai ser princsea unica do reino???pois é acho que o gabi tb...tenho um pouco de medo desta decisão, mas cada vez mais me encaminhando para ela. afinal ja to fazendo 38! beijoca

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  9. E vida boa heim! Bom, Pat, sou suspeita pra falar de mar. Eu amooooooooo. E acho que gosto tanto, justamente, porque me lembro desses dias brincando na areia com minha irmã.
    Apesar da febre, tenha certeza, querida, que esse foi um presente e tanto para Marianinha!
    (ah...aconteceu a mesma coisa com a Nina...ela levou o maior tombaço com uma ondinha e ficou meio medrosa com o mar...mas se acabou na areia!)
    Bj!
    Dani

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  10. Mariana (mãe do Gabi),

    Mariana (a minha) vai ser sim filha única. Aliás, a fábrica aqui fechou mês passado. Faço 40 ano que vem, nunca nem me imaginei mãe, que dirá mãe de 2 ou 3. Mariana (de novo, a minha, rs) foi um presente de Deus na minha vida. Agradeço e vou agradecer sempre. Mas outro? Não, obrigada! Já tá muito mais do que bom.
    O chato é que ela vai ser filha única. Vai ter que se virar com as primas...rsrs
    beijos.

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  11. Ai que delícia! Tô doida atrás de uma casa na praia pra levar filhotes curtirem as férias. Quem sabe a gente consegue. Beijos

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  12. Que lindo texto! Adorei o passeio, deu para visualizar cada cena! A melhor foi mesmo a Mariana fazendo castelinhos e comendo tapioca, hehe... Aproveita mesmo, pequena, curta todos os passeios ao máximo!
    Ela está melhorzinha da febre?
    beijo

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