sexta-feira, 31 de julho de 2009

A temida volta ao trabalho



Filha,

A Silvana, minha grande amiga e mãe do Marcelinho, meu “muito-em-breve-afilhado”, vai voltar ao trabalho na segunda-feira. Terminou a licença-maternidade.

Então, esse post não é para você. É para ela e para quem mais servir.

Voltar ao trabalho é difícil.
É subir um degrau a mais na escala da culpa materna.
Mas, garanto, a ideia do retorno parece mais assustadora do que é na realidade.
Eu, como já disse em outro post, fui trabalhar chorando no primeiro dia.
Ao voltar para casa e encontrar a pequena alegre, vi que ela (talvez por ter só quatro meses) nem percebeu que eu estive fora por um dia inteiro.
Assim, cada dia foi ficando mais fácil e hoje - tirando as segundas-feiras, quando a saudade é maior, por conta do final de semana grudadas - ir trabalhar já está incorporado à minha rotina.
Mas, voltando ao primeiro dia, sugiro algumas coisas práticas para tornar o retorno menos doído.

Renove o guarda-roupa.

Faça igual criança, que ganha mala e lápis de cor novos, para voltar feliz para a escola. Compre umas roupinhas que te motivem a sair de casa. Todas sabemos que a licença-maternidade não é a época de maior glamour da mulher. Então a fase é ótima para um upgrade no guarda-roupa, que deve estar mesmo desatualizado por conta da gravidez. Eu me empolguei tanto com essa “terapia de compras” que em um só dia comprei 08 pares de sapato. Minha conta bancária sofre até hoje, mas que ajudou, ajudou.

Estabeleça um horário menor logo no início da volta.

Tente almoçar em casa, chegar mais tarde ou sair mais cedo. Se o bebê ainda mama no peito, melhor, não tem justificativa mais nobre. Você não precisa trabalhar 10-12 horas por dia logo na primeira semana. Você tem o resto da vida para fazer isso. Infelizmente.

Confie em quem está cuidando do seu bebê na sua ausência.

A tranquilidade ao deixar o bebê é um fator de grande importância. Como eu já contei aqui, a Mariana fica com as avós, o que me deixa sossegada o dia todo. Mas, claro que essa não é a única opção viável. A Silvana conta com duas fiéis escudeiras, que cuidarão do Marcelinho super bem. A Julia, minha afilhada, foi pra escolinha com cinco meses, e é das crianças mais incríveis que eu conheço. Cada um escolhe o que for melhor para si e para o seu bebê (e só a mãe sabe o que é melhor para si e para o seu bebê, disso eu tenho certeza). O negócio é refletir bem e estar convicta da opção.

Já no local de trabalho, evite as pessoas que te olham com cara de pena.

É, no retorno, alguns desocupados vão te olhar com cara de pena, dizendo:
-Ai, coitada, deixou a bebê....tão pequeninha...
-Nossa, deve ser duro voltar a trabalhar, não?
-Ai, por isso não quero ter filhos...
Eu, desavisada, chorava cada vez que ouvia algo desse tipo.
Evite! Ignore! Fuja!!!!

Pense que você está dando exemplo.(Essa eu aprendi com a Katia, prima do marido)

É isso aí. Ponha na sua mente o mantra, “meu filho(a) está aprendendo comigo a dar valor ao trabalho”. Ser um bom exemplo pode ser motivante.

Por fim, um último comentário.

Não é porque você voltou a trabalhar que seu filho deixou de ser a sua prioridade nº 1.
Aprendi aqui que “Conciliar não é fingir que não se tem filhos”.
Penso que é isso mesmo. Mariana é minha prioridade. Sou mãe dela em primeiro e único lugar. Todo o resto (mesmo) vem depois.
E voltar ao trabalho em nada alterou esta situação.

No mais, é ir com fé, rezar pro anjo da guarda e congelar leite materno, se for o caso!
Quem tiver mais conselhos, que se habilite.

Bom retorno para a Sil. Te amo amiga!

Caindo e aprendendo.


Mariana,


Como acabei de contar para a Lia, ontem você caiu e bateu a boca.
Estávamos lá treinando os seus primeiros passinhos, você tropeçou e foi de boca na quina da mesa.
Não foi o primeiro tombo feio. O primeiro que assustou foi há uns dois meses atrás, quando você caiu da cama, de testa no chão. Nesse me desesperei mesmo e corremos para o hospital.
Felizmente não era nada. Só um galo, tratado com compressas.
Ontem sua boca sangrou. Como papai é dentista, não precisou de hospital. Apenas uma compressa com gelo.
Nas duas vezes chorei.
Será que um dia vou me acostumar? Desconfio que não...

p.s.1: no dia do galo na testa, o médico do hospital ensinou que a batida na cabeça é grave quando:
a) a criança desmaia (ai, que óbvio);
b) a criança fica sonolenta ou
c) a criança começa a vomitar.
Fora desses casos, não é preciso se desesperar.

p.s.2: essa foto não é de ontem não. Claro que eu não tiraria uma foto com você sofrendo. É de outro dia. Choro de manha. Pura manha.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sonho de consumo


Filha,

Acordo às seis. Tomo banho, seco o cabelo, coloco a roupa. Te acordo. Você toma o seu leite. Troco a sua fralda. Te agasalho melhor para te levar para a avó do dia. Arrumo a sua bolsa. Te levo para a casa da vovó. Vou para o escritório. Uma hora de trânsito é a média. No carro tomo café da manhã e faço a maquiagem.Trabalho até o final do dia. Prazos, audiências, reuniões, o dia passa voando. Saio do escritório perto de sete. Outra hora de trânsito. Aproveito para ligar para alguém. Às segundas faço aula de dança, chego ainda mais tarde.Chego na vovó. Você pede meu colo. Saudades de um dia tão longo. Com frequência jantamos na casa dos avós. Você, claro, no meu colo. Saudades. Saudades. Vamos para a casa. Você quer brincar um pouco. Se me afasto, você chora. Brincamos enquanto ajeito uma coisa ou outra. Você toma seu leite. Frequentemente resiste um pouco para dormir. Dorme por volta de onze. Eu, exausta, durmo logo atrás. Às três e meia você desperta para uma outra mamadeira. E aí, só faltam duas horas e meia para começar tudo novamente...

Tudo o que eu queria era um dia de 48 horas.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

26 de julho. Dia dos avós!

Ontem foi dia dos avós, mas só fiquei sabendo hoje. Então, o post que já estava na cabeça há algum tempo, não tem dia melhor para ser publicado.

Mariana,
Voltei a trabalhar quando você tinha quatro meses. E desde então você passa os seus dias na casa dos seus avós. Dias alternados, cada dia na casa de um, homenageando o princípio da isonomia.
E graças a eles, a dura tarefa de te deixar o dia todo para ir trabalhar se mostra muito menos pesarosa.
Te encontrar ao final de cada dia, tão amada, tão alegre, tão bem cuidada, só me faz agradecer a Deus por poder contar com esses quatro corajosos, que em troca do seu sorriso doce, dão tudo de si e mais um pouco.
Assim, em meu nome e em seu nome agradeço publicamente aos seus avós, pelo amor desmedido; pelos cuidados sem fim; pelas papinhas saborosas e inventivas; pelos colos calorosos; pelos primeiros ensinamentos; por testemunharem o seu desenvolvimento; por se alegrarem por suas descobertas; por estarem presentes; por nos terem feito os pais que somos hoje; por podermos contar por eles e, acima de tudo, por serem exatamente quem são.

Um beijo para todos os avós!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Baby Einstein


Filha,
Estávamos nós na sala. Eu e seu pai assistindo TV. Você, brincando no chão.
De repente, você pega o seu sapatinho, olha bem pra ele, e tenta colocar no próprio pé!
Eu olho para o seu pai e nossos olhos se enchem de lágrimas - de emoção e orgulho- pela nova façanha.
Em seguida você pega o mesmo sapatinho ...e tenta colocar do DVD!
Nós, claro, caímos na gargalhada.
É pequena Baby Einstein, você ainda tem muito o que aprender...
...que bom!

terça-feira, 21 de julho de 2009

100 anos!


Mariana,

Sua bisavó Martha - avó de seu pai - completou 100 anos!
Vocês nasceram com diferença de quase um século. E mesmo assim consigo encontrar semelhanças nos traços de vocês duas.
Incrível como a vida vai se propagando, como trazemos conosco os traços de nossos pais, avós, bisavós e sabe-se lá de quantos outros ancestrais ainda muito mais antigos.
Mas o mais importante de tudo isso, é que estávamos todos lá – filhos, netos, bisnetos e agregados – quatro gerações reunidas para comemorar a data.
Sua bisavó, hoje bem velhinha, sempre nos deu pequenos papéis com orações, frases e pensamentos, para guardarmos conosco.
Te ensino uma delas, para que, tal e qual a genética, os pensamentos dela também se propaguem:

“Eu sou filho de Deus Perfeito
Sou protegido por Deus
Nada tenho a temer.”

terça-feira, 14 de julho de 2009

O começo de tudo


Mariana,


Sempre imaginei como seria o dia em que eu me descobriria grávida. Como contaria ao seu pai a notícia tão esperava. Sempre me emocionei com as cenas de filmes, em que a mulher conta que está grávida entregando um par de sapatinhos de bebê, uma caixa com o resultado do teste de gravidez...
Pois bem.
Era 31 de novembro de 2007. Nada parecia diferente comigo, a não ser uma vontade incontrolável de tomar litros de suco de laranja, suco que sempre detestei. Nada diferente além de um o mau humor estranho e um sono incontrolável. Nada diferente, apenas um pequeno atraso.
Mas seu pai insistia:

- Você deve estar grávida. Faz o exame.

E eu me recusava. Não estou. Quando engravidar, vou saber. Acreditava piamente que me sentiria, sei lá, iluminada, receberia um sinal, não sei. Mas grávida? Não, definitivamente não estava grávida.

Então, no tal dia 31 de novembro, sexta-feira, chego em casa do trabalho, seu pai na cozinha, montando um armário. Tínhamos nos mudado para a nossa casa fazia dez dias.
Sobre a mesa o teste de gravidez.
Ele havia comprado. Pura teimosia.
Fiz o teste à contra gosto. Tinha certeza do resultado negativo.
O susto, claro, foi grande: positivo!
No minuto seguinte duvidamos do resultado: - Teste de farmácia não é confiável, temos que ir ao laboratório.
Dia seguinte, cedinho, cedinho, estávamos lá no laboratório. Fiz o exame. Era sábado. O resultado só ficaria pronto no final da tarde.
Apesar da ansiedade, dormi o dia todo. Estava muito gripada, até com febre, e não conseguia fazer nada além de ficar deitada.
E foi assim, entre um sonho e outro, que seu pai me acordou com um beijo suave e disse bem baixinho:

- Você está grávida.

Eu sorri e continuei dormindo... o sonho mal havia começado.
E foi assim que tudo aconteceu.
Foi seu pai quem me contou que eu estava grávida.

Tão diferente do que eu sempre imaginei e tão mais lindo, te garanto

Moral da história: as coisas nem sempre acontecem do jeito que sonhamos, mas isso não quer dizer que não possam acontecer de uma forma igualmente incrível!

Moral da história 2: fazer teste de farmácia é bobagem. Se o resultado é positivo, você duvida e corre pro laboratório. Se o resultado é negativo, você duvida e corre pro laboratório. Trinta pilas (pelo menos esse era o preço da época...) jogados fora.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Novos horizontes


Mariana,
Uma das coisas mais incríveis de ter você conosco é poder te apresentar o mundo.
Ver o mar pelos teus olhos foi como conhecê-lo outra vez.

Quem é pai ou mãe sabe o que eu estou falando. Sabe a alegria que é poder mostrar ao filho tudo de belo que a vida pode oferecer.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sopa de letrinhas


Filha,

Ontem à noite você falou "mamãe" e "papai" pela primeira vez!
Tão pequena e tão diplomática, contentando os dois corujas de uma tacada só.
Devo registrar que você já vem ensaiando seus discursos há algum tempo, já diz "não", arrisca um "caiuuuu" e até tenta chamar o "Zeca", cachorro do seu avô.
Esse palavrório todo deve resultado de alguma sopa de letrinhas que você andou tomando.

É isso. Você começou a falar e eu estou aqui, totalmente sem palavras!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Palminha de São Tomé

Mariana,

Aos dez meses você ainda não batia palminhas. Não queria nem saber. Não se interessava pelo assunto, apesar dos meus incentivos insistentes, batendo palmas para tudo e para todos, parabéns pra você pra lá, palminha de São Tomé pra cá, e nada.

Até que semana passada, fomos, nós três, até uma Lan House, já que estávamos viajando, sem computador, e queríamos ver umas fotos suas tiradas em estúdio, enfim, história que conto outro dia.
O fato é que enquanto eu e seu pai estávamos olhando a tela do computador, você, no meu colo, brincava com a recepcionista da Lan House, mocinha muito da simpática por sinal.
Até que escuto a garota dizendo: “que gracinha ela batendo palminha”! Como é que é? Palminha? Pra mocinha da Lan House? Como assim? Só vendo pra crer, tal e qual São Tomé...
Olhamos e lá estava você, toda alegre, bate palminha bate, palminha de São Tomé, batendo palminhas alegremente, como se tivesse nascido fazendo aquilo.
Agradecemos a mocinha da Lan House pelo feito e fomos embora, sorrindo como bobos, por mais essa sua conquista.


Agora escrevendo esse texto, talvez num súbito sentimento de onipotência materna, penso que realmente não foi a mocinha da Lan House quem te ensinou a bater palminhas. Fui eu, foi seu pai, foram seus avós, nos treinos diários, nos incentivos constantes....a mocinha só foi a finalização do processo que nós começamos.

Concluo que mãe é assim, igual a técnico de futebol. Age nos bastidores, treina o jogador a bater a falta, fazer o drible, mas na hora do jogo, é com ele e com mais ninguém.
E foi assim que aconteceu. Treinamos juntas, você foi lá e GOL!