segunda-feira, 16 de abril de 2012

Conversinha antes de dormir

A mãe pirando a filha:

- Mariana, por que você saiu da minha barriga filha? Por que você não ficou lá dentro?

Pausa. Para. Pensa.

- Mamãe, você não gosta de ter uma filha?

Digo que sim.

- Então mamãe, eu saí da sua barriga para brincar com você!

E arremata sorridente e galhofeira:

- Ai, mamãe, você não acredita em cada coisa que eu falo, hein?

quinta-feira, 5 de abril de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

Mais da filha desapegada. Ou: O vídeo que Mariana vai assistir quando completar 18 anos



O vídeo é repetição de um primeiro chilique ocorrido no dia anterior. Trocamos o carro velho por outro novinho em folha. Chego em casa animada com a troca e convido Mariana para uma volta. A budista chilica geral: - Não gosto de carro novo! Acho muito chato carro novo! Eu só gosto de carro velho.
No dia seguinte, ao entrar novamente no carro e perceber que era o novo já pergunta: - É o carro novo mamãe? E ao ouvir que sim começou de novo a ladainha do vô não, quero não, gosto não. Mas dessa vez gravei. Agora vou guardar para a posteridade e quero ver reclamar de lata velha quando aprender a dirigir.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Virando a mãe que eu sempre detestei.

Quando eu era criança, sei lá, primário, hoje ensino fundamental, 8, 9, 10 anos, não sei, tinha uma coleguinha que aqui vou chamar de Ana Maria. Com o mundo globalizado talvez ela até chegue a ler esse post e reconhecer-se nos fatos, mas pelo amor, Ana Maria, não me interprete mal.
Pois lá no meu colégio, e creio, no de todo mundo, quando tinha passeio a criança recebia uma filipeta de papel, por meio da qual perguntavam aos pais se autorizavam a criança a ir ao passeio. A filipeta tinha dois quadradinhos. Um sim. E um não. Meus pais sempre marcaram sim. E eu ia feliz ao retiro em algum lugar perto de São Paulo, dar uma rezada e comer um lanche comunitário, ia visitar asilo de freira em Itu, enfim, esses passeios encantadores e tão típicos de escola católica. No máximo rolava circo ou feira do livro. Mas Playcenter, a meca da diversão da época, esse não tinha conversa não... Fosse qual fosse o passeio, minha filipeta vinha com o sim. E beleza, tudo certo.
Tinha também quem não pudesse ir. E aí a filipeta vinha com o não. Sem problema, pai não deixou, filho não vai. A regra era clara.
Mas tinha a Ana Maria. A filipeta vinha sempre com um não. E no verso, praticamente uma monografia no pouco espaço que havia. Eu, com minha mente fértil de sempre, imaginava a mãe ou o pai dela esculhambando a escola e esclarecendo tim tim por tim tim as razões da negativa. Nem sei se Ana Maria ligava para o não, nem sei se ela se importava com a monografia no verso. Mas eu, ah gente, eu morria por dentro. Em tempos em que não existia o termo vergonha alheia eu claramente sentia vergonha alheia. Pensava indignada que os pais bem podiam só não deixar e não fazer a menina entregar aquele bilhete vexatório, cheio de esclarecimento. Gente, pra que tanto discurso? Nossa, era isso e a garrafinha de toddy que um outro garoto tomava todo recreio. Para mim, garrafinha de leite com toddy era a morte. Juro. Podia ser suco, chá, água ou até cachaça. Mas leite. Ai, leite me fazia ter dó imediata da criança. Era isso, uma dó imensa da Ana Maria, uma dó porque ela não ia nos passeios divertidos, não cantava no ônibus, não comprava borracha gigante em Itu e, mais que tudo, porque ela tinha que passar por aquilo que eu achava ser o maior vexame. Naquele tempo eu só queria ser igual. Só queria ir aos passeios, ou talvez não ir, mas não queria chamar atenção pra coisa nenhuma, muito menos pra pai e mãe que fazem discurso.
Tudo isso pra dizer que hoje, quase meio século e uma filha a tiracolo depois, eu estou pra virar a própria mãe da Ana Maria.
Como Mariana é pequena, traz consigo todo dia uma agenda, meio de comunicação entre a escola e os pais. Ai gente, aquela agenda tão novinhas, aquelas linhas tão tentadoras... Nossa, como eu queria fazer uma monografia por dia. Como eu queria contestar cada linha, tecer uma teoria para cada um dos recados inocentes que recebo, opinar sobre cada mínimo detalhe. Tenho texto pronto até para o que ainda não é recado. Tenho resposta pra tudo, inclusive para uma autorização de passeio, que ainda que decretasse o sim, viria com um MAS no verso, cheio de opiniões e recomendações. Mãe quer mesmo falar. A mãe da Ana Maria falava, enquanto as outras mantinham a linha. Vamos ver até onde me seguro.
(Por ora sigo escrevendo aqui, até Mariana aprender a ler e descobrir que no blog o que faço não é muito diferente daquilo que sempre condenei. Patricia Couto. Há décadas cuspindo pra cima.)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Conversinhas

Tirando a pequena do banho e corujando:
- Filha, ninguém nesse mundo tem uma filha tão linda quanto a que eu tenho.
- Tem sim, mamãe. O papai tem.


Pedindo que eu lhe desse a mão:
- Claro filha, te dou todas as mãos que você quiser.
- Não mamãe, você não pode me dar todas as mãos que eu quiser que você não é um polvo!
(tá bom que eu não sou polvo, tá bom...)


Puxando um papo.
- Filha, você está aprendendo a história da Cachinhos Dourados na sua aula de inglês?
- É mamãe. Ela se chama Gold LOPES (Goldilocks seria o correto).
(E eu viajo imaginando uma cachinhos dourados latina e com a cara da J-LO)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Normais!?

Mariana, revirando os DVD's de casa, encontra um e decreta:parece você e o papai, mamãe!
Será que ela tem razão?

(foto tirada pela Mariana, claro!)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O parto do Para Mariana. Blogagem coletiva.



Começou lendo o Leve um casaquinho, esse lindo blog da Bibi da Pieve, que veio ao meu conhecimento não me lembro como. Só sei que comecei a ler e achar incrível. Quis fazer igual. Um relato desses momentos tão ricos que a maternidade proporciona. Então lá pelos dez meses da Mariana comecei a escrever. Aliás, acho que foi lá por essa época que eu dei o primeiro respiro, depois do mergulho fundo que é a maternidade. Só nesse momento fui capaz de olhar um pouco mais de longe a relação mãe e filha e consegui um pouco do distanciamento necessário para poder escrever. Coincidiu com a época em que a Mariana já engatinhava, ou seja, ngatinhávamos as duas, uma rumo à independência, outra rumo ao que? À vida blogueira? Pode ser.
O primeiro post, como a maioria dos demais, saiu do coração. Não precisava escolher palavras. Elas já moravam aqui dentro de mim, querendo se tornar frases que se aproximassem ainda que minimamente da grandeza dos meus sentimentos. Feito o blog e o primeiro post, contei ao marido, aos pais e aos sogros. Meio vergonha de mostrar o que estava fazendo, podia ser entendido como corujisse desnecessária, exposição desnecessária, desnecessário, enfim. Mas essa minha platéia fiel aprovou e até hoje acompanha as bobagens que escrevo. Aí vieram as primeiras leitoras que não eram família. Acho que a Paloma, do Peripécias, e a Lia, do Saco de Farinha, foram as primeiras. E vieram outras tantas, todas amigas tão virtuais tão carinhosas, tão cúmplices de sentimentos, tão passando pelas mesmas fases que era impossível não viciar nessa vida de blogueira. Depois do início, o blog passou por fases. Ora de contar gracinhas, ora de militar um pouco, ora de dar conselhos àquelas (um pouco) menos experientes do que eu.
Hoje escrevo com pouca freqüência, de um fôlego só e sem rascunho. Não faço nada muito elaborado ou pretensioso. Não quero me tornar escritora ou famosa por meio do blog. Não quero impactar ninguém ou ganhar multidões de leitores. Não quero escrever livro, virar filme ou tema para minissérie da Warner. Não comento para ser comentada, não visito para ser visitada, não faço graça para ser pop, não faço nada para ser pop, não quero ser pop afinal. Não faço média. Faço tudo à minha moda. Não quero nada além do que já tenho. O blog é apenas um fim em si mesmo. E se presta muito bem a esse fim. Não tenho tantas seguidoras, nem recebo chuvas de comentários. Mas amo cada comentário que recebo. Fico feliz com cada seguidora que me adiciona. Ultimamente tenho tido um pouco de preguiça de escrever. Uma pena, porque Mariana está numa fase tão deliciosa, que é um pecado não registrar. Mas vivenciar tem sido ainda melhor, então aguardemos a inspiração voltar.
A vida blogueira deu bons frutos. Fiz amigas virtuais. Muitas me ajudaram na vida real, ora dando um conselho, ora fazendo indicações, trocando idéias valiosas sobre tantos assuntos, inclusive a recente troca da escola (valeu Silvia e Mari!), o blog rendeu tanto que eu saí até em revista, olhem só! E esse ano, com o ingresso no facebook, o blog ficou ainda mais conhecido, pessoas do trabalho lendo, amigos lendo, um receio dessa exposição, mas acho que pesando prós e contras, o blog trouxe mais coisas positivas do que negativas. Já pensei em parar de escrever, por preguiça, por falta de vontade, mas quando releio os registros antigos me dá tanta alegria, que vejo que vale mesmo a pena continuar. Nesses quase três anos de blog fiz amigas, recebi muitas energias positivas, muita informação de fontes legítimas, conheci opiniões e pontos de vista diferentes dos meus, aprendi muito e, mais importante que tudo, tenho um super registro desses primeiros anos da Mariana, que foram sem dúvida nenhuma, os momentos mais intensos da minha vida.
Viva a blogosfera!