quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Extremamente frágil

Estávamos subindo a escada, nós duas. Eu com três copos de suco nas mãos, equilibrista, como sempre. Ela, um degrau atrás de mim. Levou uma fração de segundos entre eu tentar conter a sua queda, e uma eternidade vendo que não conseguiria largar os copos e evitá-la. Mariana tropeçou e foi rolando escada abaixo. E aqui sugiro aos avós que não leiam o relato da queda, para não se impressionarem mais do que já se impressionaram. Mariana foi rolando os cinco primeiros degraus, batendo o corpinho na escada dura, como se fosse uma boneca de pano. Os próximos cinco ela deu uma cambalhota, bateu a cabeça, quicou na parede e seguiu a curva da escada, continuando a cair até chegar na sala. Nos segundos que essa queda durou eu deixei os copos em cima do lugar mais próximo e gritei para o Fabio, que chegou até ela antes de mim. Gelei. Não desmaiou, não sangrou, mas o rosto ficou roxo na hora e gritava de dor no pé. Pediu leite, dei uma mamadeira e no primeiro gole recusou. Quando tirei a mamadeira da boca dela vi uma gota de sangue. Frio na espinha. Pedi para abrir a boca e vi que tinha feito um cortinho na língua. Corremos para o pronto-atendimento perto de casa, mas chegando lá Mariana já tinha se acalmado e estava conversando normalmente. Até ser atendida já parecia ótima, mas a pediatra achou melhor fazer uma tomografia, já que o rosto dela estava bastante roxo e as batidas na cabeça poderiam ter causado algo. Fomos ao pronto-socorro mais próximo e ali a outra pediatra também confirmou a necessidade da tomografia. Por sorte Mariana dormiu antes da hora do exame – já era quase uma da manhã – e nem percebeu quando a colocaram na máquina. Meu coração gelou pela segunda vez, ao vê-la assim, imóvel, indefesa, naquela máquina. Choro só de pensar. Felizmente foi só um grande susto, e alguns hematomas pelo corpo. Nada sério na cabeça, como atestou a tomografia. Ontem ficou em observação, mas graças a Deus passou o dia super bem. Uma fração de segundos e você percebe o quanto tudo ao seu redor é assim tão frágil.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Foi bonita a festa, pá


Filha,

Foi linda a sua festa. Foram lindas, corrijo. De novo teve a oficial, no próprio dia do aniversário, para avós e tios, e no dia seguinte, para todo mundo. Teve tema bruxa, teve tema princesa, teve bolo, teve brigadeiro, teve família, teve amigo de longe, teve amigo de perto, amigo da escola e amigo da pracinha, teve vovô, teve vovó, teve tio, teve prima, teve alegria, teve amor, teve tudo que tem que ter quando uma menina linda como você completa três anos.

Porque se tem uma coisa que a gente gosta, é comemorar!

Um super final de semana para todo mundo!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Incredible Threes. Ou: eu sobrevivi aos terrible twos.

Mariana,

Ligaram a sua chavinha da fofura. Coincidência ou atributo da idade, ao completar três anos você se tornou uma criança EN-CAN-TA-DO-RA. Sério. É tanta fofice que não dá nem para elencar. Você nos abraça, nos beija, colabora, CONCORDA, veja bem, CONCORDA com várias coisas que dizemos. Outro dia estávamos subindo para o quarto e esqueci de pegar o suco que você havia pedido. Você me disse, docemente: - Pode ir lá pegar mamãe, que eu fico aqui quietinha te esperando. Eu fui e voltei e você estava sentadinha no degrau me esperando, exatamente como prometido. E cenas assim agora são mais freqüentes. Claro que ainda há NÃOS e nem quero mesmo que você seja uma criatura que só diz SIM. Mas agora há razoabilidade de sua parte, se é você me entende. Parece que enfim estamos nos conectando, parece que você compreende o que te dizemos e deixou prá trás esse lado bebê que segue mais instintos do que racionalidades. Resultado disso é um convívio mais fácil, tudo flui melhor quando não há gritarias, e berros e resistências injustificadas a situações tão corriqueiras quanto colocar um pijama ou pentear o cabelo. Acho que passamos bem pelos terrible twos, já que você de fato não é uma criança encrenqueira. Mas dá um super alívio ver que essa fase do não, não, não está passando. Outra coisa que está vindo junto é a devolução, com juros e correção monetária, de todos os carinhos e beijinhos e elogios que te demos e fizemos até aqui. Você agora me chama de mamãe linda, diz que me ama muito, me adora tanto, que eu sou engraçada e maluca e me beija gratuitamente, faz carinhos, e essa reciprocidade é tão deliciosa que não dá para não preferir essa nova fase. A maternidade até aqui havia sido doação pura, e receber algo em troca faz um bem imenso. Porque por mais abnegada que seja a mãe, e olha que não tem ser mais abnegado que mãe, é tão bom quando o filho devolve o amor, é tão bom esse retorno, que tudo parece ficar mais leve e colorido. Claro que nem tudo são rosas, e nessa noite você acordou umas quatro vezes, chorou, gritou, me chutou, um caos total. Também tem a questão intestino preso, que ainda não se resolveu por completo e que nos rende muita preocupação. Ou seja, há delícias e há preocupações, como era mesmo de se esperar. O post, enfim, serve de registro do que, parece, ser um novo marco no seu desenvolvimento. Serve também para quem está no meio do furacão dos dois anos saber que existe um horizonte animador bem próximo. Se os dois anos foram pura montanha russa de emoções, os três, parece, serão uma fase bem mais tranqüila.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O blog. Os blogs. A Egotrip, Para Livia. Para Paula. E, claro, o MMQD!

O título é quase maior que o post. ‘Cês vão ver.

Esse blog não tem pretensões. É um fim em sim mesmo, feito apenas, como o nome bem diz, Para Mariana, minha filharazãodomeuvivercoisalindadamamãe.. Mas aí que um dia você lê o seguinte comentário:

“Olá Mãe da Mariana,

Quero que saibas que minha filha de 11 anos é assidua leitora do seu blog...ela te segue atraves de mim, mas dei autorização , ela nao comenta por vergonha, mas ela le o blog inteiro, adora as travessuras de Mariana. Ela acompanha o seu e de mais 4 maes, ela ri e adoraaa, ainda lê em voz alta pra mim...aff rsrs

Achei que ia gostar de saber que todo dia ela passa os olhinhos por aqui...

Se chama Lívia... bjsss meusss a ti e a sua cria

Catita

Não é sensacional saber que a Lívia, menina de 11 anos, vem aqui espontaneamente, lê os posts e ainda gosta? Gente, é muito pra minha auto-estima!!!!!

E domingo à noite a prima do marido (oiê Paula!) também disse que é leitora do blog. Vocês acreditam? Eu sei, vocês nem ligam, mas vejam só. A Paula, moça solteira, sem filhos, bonita e descolada, para pra ler o que eu escrevo e ainda disse que se diverte. Não incrível?

Enfim, é muito maluco esse negócio de blog. Eu aqui, viajando na maionese e pessoas por aí lendo. Tá bom, essa é a essência do blog, mas demorou pra cair a ficha, vai?

Então, dada a super audiência (Lívia e Paula, respectivamente) vou tentar atualizar o blog com maior freqüência. Paula, Lívia, um beijão para vocês e muito obrigada pelo estímulo!

Outra meta vai ser comentar no blog das amigas, coisa que não faço faz tempo (embora leia tudo, viu?) Primeiro porque o Explorer não deixa, segundo porque não tenho encontrado tempo. Mas para isso existe o Google Chrome, porque tempo a gente acha, né não?essa eu quero ver

Por fim, como boa advogada que não perde prazo jamais, nos 45 do segundo tempo divulgo o MMQD, também conhecido como o Google Mom. Até marido, que não curte tanto essa coisa de blog riu muito com o último vídeo dos anos 80. Essas meninas são umas gênias, tem que ir lá pra conferir! E aproveitem para participar da SUPER PROMOÇÃO que tá rolando até amanhã (ou hoje, tem que ver isso direito). Para seguir a regra, vai a frase: É claro que estou participando do sorteio de lançamento do Minha Mãe que Disse!"

E do jeito que ando pop por aqui, certeza que em breve estarei por lá também.

Sonhar não custa nada minhas queridas!

beijos nesse dia especialmente ensolarado!


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mea culpa

- Não coloca a menina de ponta cabeça que ela vai vomitar.
- Não agita a menina antes de dormir pelo amor de Deus.
- Faz o leite da Mariana?
- Faz a comida da Mariana?
- Você pegou a bolsa da Mariana?
- Não pega ela na escola mais cedo que atrapalha a professora.
- Você tá olhando a Mariana?
- Olha a Mariana um minutinho por favor?
- Olha a Mariana!
- Olha a Mariana!
- Olha a Mariana!
- Não irrita a menina.
- Não faz isso com a menina, coitada
- Olha a cabeça dela!
- Ai, vai machucar.
- Pelo amor de Deus parem vocês dois.
- Vocês dois vão me deixar louca!
- Eu não sei qual dos dois é meu filho. Juro.
- Não ensina isso pra menina.
- Não fala assim pra menina, coitada
- Presta atenção.
- Cuidado.
- Não é assim.
- Deixa que eu faço.
- Não precisa mais, eu já fiz.

Ser pai é fácil.

Difícil é aguentar a mãe.

Um beijão para o papai Fabio, que segundo disse um amigo outro dia, fugiu à regra e traiu a classe. Ajuda, participa, compartilha, sofre e se alegra como poucos. Às vezes é mais mãe que eu.
E tem uma paciência de Jó.

Te amamos!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Três!!!!!

Hoje você completa três anos. E eu, que sempre detestei aniversários, posso dizer que o seu aniversário é sem dúvida o dia mais feliz do ano para mim. Comemorar o seu nascimento e, porque não dizer, o dia que ganhei o meu maior presente, é de uma alegria que não dá para descrever. Parece clichê, parece bobagem de mãe babona, mas um dia talvez você tenha o seu, ou os seus filhos, e nesse dia, somente nesse dia, vai entender o quanto o que eu te digo hoje faz sentido. Com três anos você é a menina mais falante que conheço. Usa verbos difíceis, palavras pouco usuais, argumenta, conta, explica e fala, fala, fala, fala sem parar. Usa “nunca mais”, “vou te contar uma coisa séria”, “vamos combinar uma coisa”, “eu tenho certeza que”, “eu prometo que” e outras expressões copiadas dos adultos que nos fazem sorrir. Inventa palavras, diz que nosso carro é “pulento” e “balançador”, que a comida estava “deliciante” e que não iria fazer tal coisa “nunquíssima”. Ainda fala umas poucas palavras erradas. Continua falando ônbius ao invés de ônibus e degavar, ao invés de devagar. Tem olhos grandes e cheios de vida. Cabelos longos e encaracolados. Para nós é a Mariana, para as primas, a Mari, para alguns a Maricota. É ainda a Maricleide, a Maricleusa, a Filha, a Filhinha, a Fifi, a Princesinha e outros tantos apelidos que inventamos todos os dias. Segue amando os Backyardigans e se refere ao Pablo e à Uniqua como seu filho e sua filha, respectivamente. Adora a cor vermelha, porque é a cor da sua mochila, oras. Quer muito que compremos um carro vermelho, portanto. Já ouviu milhares de vezes “vai devagar”, “toma cuidado” e “olha a cabeça” e ainda ouvirá outras tantas milhares. Tem preferências alimentares engraçadas. Adora jiló, brócolis, azeitonas, alcachofras e alcaparras. Ultimamente desenvolveu também um gosto especial por chocolate, coca-cola, pão de queijo e pizza. Detesta pirulito e nunca chupou uma bala. Comem em poucas quantidades, mas adora leite mais que tudo no universo. Toma litros. Leite sem sabor, como você diz, que fique claro. Chora pra entrar no banho, chora pra sair do banho. Chora sempre, invariavelmente, pra lavar os cabelos. Detesta secador, tem medo até. Não para quieta por muito tempo, e nisso se parece comigo. Assiste TV brincando, correndo e ‘lendo’ ao mesmo tempo. Adora dançar. Anda pela casa toda rebolativa, inventando dancinhas malucas e engraçadíssimas. No resto, é igual seu pai. Fisicamente vocês são iguais desde os tempos da barriga. Hoje vejo cá e lá pequenas semelhanças físicas comigo. Mas continuamos ouvindo dia sim outro também que você é “a cara do pai”. Também no jeito vocês se parecem, ambos extrovertidos, puxando papo com todo mundo. Dormem na mesma posição, gostam de acordar e ficar na cama, no escuro, até a preguiça matinal passar. Adora cães, embora se irrite às vezes com o Zeca e com o Squash, os cachorros dos vovôs. Teve um único peixe de estimação por 24 horas – batizou-o Gugu – , que teve o triste fim de ser jogado no ralo pela Elvira, que não viu que a vasilha sobre a pia continha um ser vivo. Ama ouvir histórias, principalmente as da galinha azul, personagem maluco que eu criei e que se mete em grandes aventuras junto com você. Adora desenhar, rabiscar e brincar de massinha e tintas. Ama bolhas de sabão e ri alto cada vez que vê aquelas bolinhas flutuando no ar. Outro dia assistiu Rio conosco e disse que “gostou metade”, porque se assustou um pouco com o pássaro do mal. Sua música preferida ainda é Primavera, e sempre que entramos no carro você nos pede para ouvi-la, cantando junto animadamente. Tem, até o momento, três primas: Bruna, Vic e Bia e é louca por elas. Vocês todas juntas, brincando, são um sonho de se ver. Você adora seus avós e passa com eles a maior parte do seu tempo. Também é louca por seus tios e tias. Você já foi diversas vezes à praia e a cada vez parece gostar mais do mar. Sendo uma branquela nata, não gosta muito de sol, e de novo saiu ao seu pai, outro branquelo convicto. Já foi ao teatro, shows, museus, aquários, fazendinhas e sempre gosta desses passeios, embora, acho eu, o efeito diversão seja quase o mesmo do que uma ida ao mercado ou à pracinha. Na verdade, você filha, se diverte sempre, com muito ou com muito pouco. Isso é um fato. Você é uma criança verdadeiramente alegre, e talvez essa seja a particularidade que melhor lhe defina. Uma alegria que contagia, que irradia. Se tivesse que resumir todas essas linhas em uma só, diria então, que você, aos três anos, é a menina mais alegre que eu já vi. E você nem imagina, filha, como isso nos faz felizes.

Mariana, meu amor,

Você é uma benção. Uma dádiva de Deus.

Hoje você faz três anos. E o presente continua sendo nosso.

Parabéns, minha filha amada!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ontem à noite no supermercado. Ou: cuidado com o que você fala com seu filho.

Primeiro preciso explicar que eu gosto mesmo é de supermercado arrumadinho caro. Mas tem dias que tem que encarar a compra do mês, e pagar produto de limpeza em euros não dá não. Então fomos ao supermercado bagunçadinho. Lotado. Feioso. Horror total.

Mariana no carrinho. Eu na direção. E o senhor suíço que vinha logo atrás, bufando com a minha demora nos corredores. Dei passagem para o educadinho bufando em resposta. Pode passar, senhor, tá com pressa vai pra p.... passa logo. O senhor passou e eu desabafei pra Mariana (desconto, por favor. TPM, dia péssimo, etc...):

- Sabe filha, por isso que a mamãe detesta esse mercado. Só tem gente mal educada. Veja esse moço que mal educado, reclamando de tudo, só pode ser mal casado, mal amado, mal, enfim... Mariana ouviu meu desabafo de forma muitíssimo compreensiva.

E, a seguir disse para QUATRO (eu disse QUATRO) pessoas distintas, em momentos distintos, em corredores distintos e em alto em bom som:

Sabe moço(a), a minha mãe DETESTA (frisando o detesta) esse mercado, porque aqui só tem gente mal educada.

Assim. Sem tirar nem por.

Tá????