sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Para terminar a semana

No episódio anterior, telefonamos para a escola da Mariana e comunicamos a meningite. As médicas do hospital garantiram não ser contagioso, mas achamos por bem informar a escola mesmo assim. E a escola, de maneira muito transparente, informou aos pais do caso de meningite viral, que ficassem atentos, etc.

Aí ontem Mariana acordou sem fome, com febrinha e se queixando de dor de garganta. Achei melhor levar ao médico. Acabou de sair da meningite, não vamos bobear. Aproveitei para mudar de pediatra, ir a um muito antigo e conhecido na região, alguém de bastante confiança.

Chegamos lá, ele pergunta o que houve.

Conto. Teve meningite viral semana passada.

Ele, com cara de Sherlock Holmes: - Ah é? E em qual escola ela estuda?

Eu, inocentemente: escola tal.

Ele, tipo, matei a charada: Então foi você dona Mariana! Estou a semana toda recebendo ligações dos pais de todos os meus pacientes dessa escola de-ses-pe-ra-dos! Sabia que eu ia descobrir quem era!

Então que Mariana agora é persona non grata nas rodinhas infantis.

E agora a novidade é a amigdalite. Repouso, antibiótico, e vamo que vamo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O feriadão e a mudança de planos

Ainda no hospital com o papai, sorrisão no rosto e acesso na veia.

A idéia era o feriadão no hotel fazenda com um grupo de amigos queridos. Criançada reunida para brincar até cansar. Mas houve mudança de planos. Mariana passou mal na sexta-feira, e no sábado cedo foi diagnosticada com meningite viral. Foi internada e ficou o feriadão todo no hospital. Tivesse eu escrito esse texto no sábado mesmo, ainda estaria forte, dessas forças que a gente tira não sei de onde quando o caso é sério. Mas hoje, quase uma semana depois que tudo começou, choro cada vez que penso na minha pequena chorando de dor de cabeça, vomitando tudo e mais um pouco e apática, abatida, mal mesmo. Momentos antes de irmos viajar ela já se queixava da cabeça e achamos por bem passar no pronto-socorro para ver se era algo sério. Um doce para quem adivinhar o que a médica disse. Virose, claro. Disse que ela não tinha sintomas de nada grave, tirou um raio-x da face para descartar sinusite, deu-lhe um analgésico e nos desejou boa viagem. Chegamos ao hotel fazenda e Mariana – talvez sob o efeito do remédio – se animou. Disse que não doía mais nada. Brincou com as crianças, mas sempre um pouco cansada e abatida. Fomos dormir à meia noite e às duas e quarenta ela acordou gritando de dor de cabeça. Estávamos em Taubaté. Fomos até o pronto-socorro local. No caminho começaram os vômitos e o início da febre. De novo a médica insistiu na virose, porque não havia a rigidez da nuca, principal sintoma da meningite. Deu-lhe uma injeção de analgésico/antitérmico/anti-enjoo e pronto. Chegamos de volta ao hotel quase de manhã. Mariana dormiu umas duas horinhas e acordou pior. Muito abatida, chorando de dor. Voltamos para São Paulo, direito para o hospital. Fizeram exame de sangue para descartar alguma infecção. Em seguida, não tinha jeito, teve que ser feito o exame do liquor, aquele mesmo que todo mundo teme, aquele mesmo que fura a espinha, aquele mesmo que você nunca imaginou ver sua filha fazendo. Meningite viral constatada. Mariana chorou bastante, cansada, com dor, desidratada. Mas foi forte, cooperou, entendeu até que não podia se mexer nas vinte e quatro horas seguintes por conta do exame que tinha feito. Ficou de cama, boazinha, brincando deitada. Explicamos tudo a ela e ela entendeu. Logo se acostumou com o acesso à veia, com a luvinha que colocaram. Logo aceitou o soro e as visitas constantes das enfermeiras. Depois da primeira bolsa de soro e do exame de liquor voltou a sorrir. Foi forte como eu gostaria que ela fosse. E foi melhorando a cada dia. Agora está ótima, ainda um pouco abatida, mas sem mais nenhuma dor ou mal estar. Ficou triste, muito triste, por ter que deixar o hotel. Mas prometemos voltar.

Eu tentei achar o lado bom da história, costume desse meu jeito Pollyana de ser. Podia dizer que pelo menos choveu no feriadão. Poderia dizer que pelo menos foi meningite viral. Poderia achar bom que o hotel devolveu o dinheiro pago. Poderia agradecer porque temos plano de saúde e acesso rápido a bons tratamentos.

Mas definitivamente não há nenhum lado bom em ver o filho doente.

Esse é o lado ruim de ser mãe. Muito ruim.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Os contos de fadas

Eu não gosto de ecochatices, nem militâncias, nem de coisas muito politicamente corretas. Particularmente detesto a nova versão de atirei o pau no gato. Acho desnecessária e não acredito que alguém tenha atirado pau no gato por conta da musiquinha. De verdade.

Mas tenho tido várias restrições aos contos de fadas.

Essa fase chegou lá em casa. Mariana adora as princesas. E eu questiono muita coisa que tenho lido...

A Chapeuzinho que desobedece a mãe e vai justo na floresta que não devia ir. Belo exemplo, Chapeuzinho. A Cinderela, a Branca de Neve e a Bela Adormecida que têm o príncipe como salvação de suas vidas. Daí, no futuro, vai explicar pra filha que homem não é salvação de ninguém...Pior ainda é a Bela, que ensina que você pode mudar um homem com seu amor. Ou seja, o cara é mau caráter, violento, e você lá, amando, amando, até ele virar príncipe. Sei... Igual à história da Bela, tem a do sapo que vira príncipe quando beijado. Sério. Quem foi que nesse mundo de meu Deus beijou sapo e encontrou príncipe? Ninguém, gente. Beija sapo, namora sapo, casa com sapo. E engole sapo a vida toda. Tem ainda a Rapunzel do Enrolados, filminho adorável, mas que peca no argumento de que a flor que trazia vida poderia ser retirada da velhinha para salvar a vida da rainha. Por quê? Porque a rainha merece a flor da vida e a velhinha pobre merece morrer? Juro que não entendo. A realeza merece viver mais que o proletariado? Ai, ai. E tem ainda a Princesa e a Ervilha, história onde a princesa só é reconhecida como tal por notar uma ervilha embaixo de seu colchão. Ou seja, tem que ser fresca, fresquíssima, fricoteira e chata para ser nobre. Ai Jesus! E o pior. Tudo gira em torno de homem. Só homem. Só para casar no final e ser feliz pra sempre. Eu não tenho absolutamente nada contra o casamento, acho válido, ótimo, lindo, sou feliz no meu, mas daí a achar que casar é sinônimo de felicidade pra sempre, ou único jeito do final ser feliz... menos né?

Em casa tenho mudado um ou outro final, alterando um ou outro enredo. Mas quando ela começar a ler...haja argumentação pra dizer que na vida não é bem assim.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Piece of cake




Pegue uma mãe e uma filha, numa tarde de sábado ociosa. Pegue ainda quatro ovos, três cenouras grandes, uma xícara de óleo, três xícaras de farinha, três de açúcar e uma colher de sopa de fermento. Junte a mãe e a filha. No liquidificador, vão as cenouras, o óleo e os ovos. Mãe e filha ficam do lado de fora, assistindo a transformação dos ingredientes. Bata tudo e coloque a mistura num recipiente. Adicione a farinha, o açúcar e o fermento. A filha mistura tudo. Vale espalhar um pouco de farinha por todo lado e respingar bolo pela cozinha. Deem risada juntas da meleca que vocês estão fazendo. Mistura feita. Prepare as assadeiras. Se tiver aquelas para cupcakes, ótimo. Sua filha coloca as forminhas nos respectivos buraquinhos. Se tiver outro tipo, sua filha unta a forma, achando a maior graça em colocar a mão na manteiga e depois enfarinhar tudo. Bolo na forma, forno até cozinhar. Acho que trinta minutos a duzentos graus é uma boa medida. Enquanto aguardam, é a hora do brigadeiro, que todo mundo sabe a receita desde que o mundo é mundo. Aí sua filha conhece aos três anos o leite condensado e decreta que adora e que eu vou ter que comprar todo dia. Na segunda colherada enjoa e larga o resto. A filha mistura os ingredientes do brigadeiro e a mãe os leva ao fogo. Bolo e brigadeiros prontos, vem a parte mais legal. Cobertura nos bolinhos e a decoração é por conta da pequena. Estrelinhas coloridas, granulado, raspas de chocolate. Vale tudo para enfeitar a receita. Os bolinhos ficam deliciosos e rendem um montão. Divida com familiares, se não quiser engordar muito.

Post dedicado à minha avó Hebe, que me ensinou a cozinhar e, lá de cima, deve ter sorrido muito nesse dia.