domingo, 25 de abril de 2010

Não basta ser pai.


Estava conversando hoje sobre a participação dos pais nos cuidados com os filhos. Vou falar em participação, porque outro dia utilizei a palavra “ajuda” e fui repreendida. Com razão, pai não “ajuda”, pai participa. Porque “ajuda” é coisa de vizinho, da amiga, da tia. Pai é 50% do DNA, a menos que o filho seja do vizinho, mas mesmo assim, pai é quem cria, não é amigo? Participação, portanto.
E eis que tenho visto de tudo por aí. E tenho visto muito pai que acha que basta estar lá na hora de fabricar o bebê, tirar foto na maternidade e daí em diante só se orgulhar do título que ganhou. O resto, ah, o resto a mãe faz. Não é o meu caso, Fabio é um pai muito participativo, do tipo que acompanha no pediatra, leva na natação, dá banho, troca fralda, faz papinha e, principalmente, se emociona com o desenvolvimento da Mariana. Um pai que, tenho absoluta certeza, será uma grande referência para a minha filha.
Mas voltemos aos pais que ando vendo por aí. Pai que não troca fralda, pai que não faz papinha, pai que não dá banho, pai que não dá atenção, pai que não tem tempo, pai que troca o filho pelo futebol com os amigos, enquanto a mãe se divide entre zilhões de funções. É justo, papai? Pensa bem, é justo?
Eu acho que não.
E mesmo se fosse justo, se você soubesse de algum motivo que te autorizasse a pensar que a criação do filho não é problema seu, já pensou no que está perdendo?
A mãe que se envolve com seu filho, conhece como ninguém aquele pequeno ser que gerou. Troca fraldas, dá banhos, limpa, beija, cheira e, com esse contato tão íntimo, tão visceral, se aproxima de sua cria. Ser mãe é tão maravilhoso porque permite essa proximidade, essa intensidade, essa troca que só quem tem um filho ao alcance da mão talvez possa entender.
E você, papai, pode ter tudo isso também. Ao cuidar de seu filho, ao conhecer os diversos choros, os diversos cheiros, as preferências alimentares, você se aproxima daquele que tem o seu sangue e os seus genes. E não estou me referindo só às tarefas cotidianas. Como já falei, o principal é participar como pai, se interessar pelo filho, ouvir as primeiras palavras, estimular os primeiros passos, ser o braço aberto na hora do medo e um porto seguro para a vida toda. Ter um filho é um presente. Não tem preço. E muitos pais parecem estar desperdiçando essa experiência única, utilizando como desculpa a falta de tempo, o stress, o cansaço, a vida corrida e essas desculpinhas que todo mundo já está careca de saber. Na correria do dia a dia, parece que para muitos não sobra tempo para ser um pai de verdade.
Mas ainda há tempo de mudar.
Pensa comigo. O futebol das quartas-feiras, a cerveja com os amigos, as manhãs de domingo até tarde na cama, o trabalho, o carro, a academia, tudo isso pode existir para sempre. Mas seu filho não vai ser criança para sempre. Vai crescer. Vai virar adolescente. Vai sair de casa. Vai constituir família. E vai se lembrar do pai que teve.
Ser uma boa lembrança para o seu filho depende apenas de você.

6 comentários:

  1. Estou sempre aqui lendo o seu blog, mas nunca comentei. Mas hj me senti no dever de comentar pra dizer que adorei o texto (como tantos outros que li aqui) e que tb fico abismada com esse tipo de pai "tô nem aí". Meu marido é um paizão e até ele mesmo se espanta em ver como alguns amigos acham que apenas as mães têm que trocar fraldas, tomar conta dos filhos enqto brincam...
    O mais grave não é esse descaso e até "machismo", mas justamente o que vc citou. Estão perdendo algo que não tem como voltar atrás. Uma pena.

    Bjs,
    Nanda
    http://sonhorealizado.wordpress.com

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  2. ai ai...quero comentar, mas não devo!

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  3. Apoiadíssima. Papai aqui em casa é super participativo, adora quando o André acorda bem cedo durante a semana pq assim ele pode ficar bastante com ele antes de ir pro trabalho. Acho que se não fosse assim, não teria tido outro filho, pq ele tem sido essencial nessa fase em que o André tem que aprender a dividir a mamãe!
    beijos

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  4. Adorei o texto. Realmente, ser pai não é só bancar o filho e posar na foto, é participar em toda amplitude da palavra. É ser acordado no meio da noite e não resmungar pra levantar; é fazer muitas cócegas na barriga; é levar ao médico, mesmo numa febrezinha; enfim, ser pai é estar junto, sempre, mesmo que no pouco tempo em que está em casa. Papai aqui também é nota 10! Beijos.
    www.comtdetati.blogspot.com

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  5. Oie. Sou uma leitora assídua do teu blog. Adorei o tema de hoje. Concordo que quem sai perdendo são os pais ausentes, ou "pouco presentes" Sorte a nossa, ou melhor, das nossas bebês que tem pais que são como mães. Um beijo.

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  6. é o que eu costumo dizer para as amigas que ainda não elegeram o pai dos filhos (ou as que elegeram, não gostaram e exigem uma reeleição:) - o cara que é participativo com outras coisas, antes mesmo de ser pai, provavelmnte vá manter essa postura, concorda?
    sei lá, com raras exceções, já dá pra ir percebendo...
    recuse imitação - pai tem que participar, mulherada!

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