O post de hoje era sobre o desfralde. Mas Mariana acordou com a frase título. Tentou de tudo para eu não ir trabalhar. Ficou horas no penico. Horas na privada. Quis por fralda. Chorou, esperneou, gritou, se agarrou a mim. Pediu. Implorou. Não vai trabalhar, mamãe. Fica comigo por favor! A cena é rara, já que quase sempre a deixo dormindo na casa dos avós.
E quando o atraso já era insustentável tive que colocá-la dentro do carro e levá-la para a minha mãe. Foi reclamando. Entrou choramingando. Fiquei com ela na minha mãe quase uma hora. Não quis prometer que a pegaria na escola (como de fato vou) para não frustrá-la em caso de algum imprevisto. Fui embora enquanto minha mãe a distraía com bolinhas de sabão. Cheguei duas horas atrasada no trabalho e não tenho nenhuma concentração para fazer nada. Em dado momento não aguentei e chorei. Chorei muito. De tristeza por não ser duas. Por não ter um dia de 48 horas. Por não conseguir estar em dois lugares ao mesmo tempo. Em nenhum momento falei que também queria ficar com ela e que não queria ir trabalhar. Porque não quero que ela ache que trabalho é sacrifício ou motivo de tristeza. Disse que eu tinha e queria ir trabalhar. E que depois ficaria com ela. E que quanto antes fosse, antes voltava (ai, que mentira). Tenho feito de tudo para ficar mais com ela. Mas parece que não é o suficiente. Parar de trabalhar não é uma opção, nem um desejo meu.
Vim o caminho todo chorando. Estou com olhos inchados e anestesiada pelo choro. Nem preciso dizer o quanto estou me achando péssima mãe.
Minha mãe me telefonou agora dizendo que ela está ótima. Mas eu não estou, claro.
Algum palpite? Sugestão? O que eu queria saber de vocês é como lidar com a situação. Que argumentos usar com o filho numa hora dessas?
Help!
Atualização: Obrigada pelos conselhos valiosos. Consolaram à beça, juro. Respirei fundo, como recomendaram Renato e Lisandra e trabalhei até quatro e meia, quando saí para pegar Mariana na escola. Ela me recebeu com um sorrisão e me abraçou tão forte que tornei a chorar, dessa vez de alegria. Falei com a professora que disse que ela esteve absolutamente normal durante o dia. Fomos juntas ao shopping, comprar um presente para uma bebê que completa um ano no sábado. Compramos sapatos vermelhos para Mariana. Passeamos bastante e à noite papai foi nos encontrar e jantamos fora. Um dia que começou mal e terminou bem. No caminho de volta para casa conversei sobre o trabalho, sobre o quanto eu gostava do que fazia, que era assim que ganhava dinheiro, expliquei do meu modo (e como muitas aí embaixo aconselharam) o que achava que precisava ser explicado. Não foi a primeira vez, nem será a última. Amanhã, se Deus quiser, não vai ter choro de ambas as partes. E tendo refletido tanto sobre algo tão espinhoso, só pude concluir que estou bem segura das minhas escolhas e da vida que escolhi para mim e para a minha família.
Pati, querida,
ResponderExcluiragora tô eu chorando aqui ao ler seu post.
um dos motivos que me fizeram escrever um post mequetrefe de 3 linhas foi esse... não desabar.
não quero e não posso.
chorei muito, aliás tenho chorado esses dias por achar que estou fazendo falta.
juntou tudo e cá estou, sufocada e amarrada.
dizem que passa, que é fase, que eles estão aprendendo a lidar com a falta e a vontade.
tenhamos paciência e perseverança?
eu converso com o isaac. digo que eu trabalho e ele vai a escola. explico que cada um tem sua vida, seus afazeres e que logo a gente se encontra.
mesmo sabendo que ele fica bem eu fico em cacos.
sou solidária, viu?
envio daqueles abraços, que só panda sabe dar.
Ai Pati meu coraçao apertou. Ainda nao passei por isso, mas sei que isso tambem vai acontecer por aqui, e tambem nao sei como vou reagir. Por isso, o que posso fazer agora é te mandar um abraço igual ao da Carol, bem apertado!
ResponderExcluirBeijo para voces, Paula
Pati,
ResponderExcluirSei bem o que vc está sentindo.. mas se serve de consolo, todas nós que trabalhamos fora passamos ou iremos passar por isso... quando aconteceu comigo, chorei muito também, mas também não existe a opção de deixar de trabalhar, então, acho que o melhor é suprir a "carência" das nossas pequenas no tempo que estamos juntas com muitos beijos, abraços, carinhos e brincadeiras.. no mais.. elas, infelizmente, tem que se acostumar...
Sinta-se abraçada e acolhida :)
Bjs!
Pati, como mãe ainda não passei por isso, mas como professora de educação infantil, já vi muitas coisas desse tipo acontecerem.
ResponderExcluirO que eu sugiro é que você converse com ela e diga o quanto é bom para você estar com ela, diga o quanto ela é importante pra você, o quanto você a ama e preferiria estar com ela ao invés de ir trabalhar. Mas para não mostrar que o trabalho não é prazeroso (caso ela entenda dessa forma) diga que é importante você ir trabalhar, que os adultos trabalham para ganhar dinheiro, que com esse dinheiro compram água, comida, a luz da casa, roupas e vá mostrando tudo para ela e diga que se você não for trabalhar vocês ficaram sem essas coisas que são muito importantes:
_ Filha, pensou se a gente morasse no escuro, sem nem uma luzinha?
_ Pensou se não tivéssemos água para beber, tomar banho?
_ Pensou se não tivéssemos nada para comer?
Para o caso de ela dizer que o papai já trabalha ou que vocês morariam com a avó, responda que é preciso que os dois trabalhem para pagar as contas, que um só não consegue e que cada família tem a sua casa!
Ah! também não esqueça de beijar, abraçar e brincar quando estiver com ela. Quando estiverem juntas, aproveite todos os momentos!!!
Espero ter ajudado!
Beijos!
Lívia.
http://passeadoeviajandoemfamilia.blogspot.com
Pá,
ResponderExcluirmeu enfoque é como filha.
De nós três irmãos, eu fui a única que fiz isso. Meus irmãos não choravam. Eu sim. Seu post me fez lembrar de mim, pequenina, agarrada nas pernas da minha mãe, suplicando para ela não ir trabalhar.
Uma vez, ela me contou que, prá me consolar, tentou lembrar de um amiguinho cuja mãe tb trabalhasse fora. Não lembrou de nenhum. E ela disse que sangrou, pq somente ali percebeu que eu sofria também por ser uma exceção.
Mariana não é exceção. Marcelinho tb não. Veja só que grande passo!
E, a única coisa que posso dizer prá te consolar é que, rapidinho, eu mudei o jeito de ver as coisas e sentia o maior orgulho da minha mãe-professora! Mariana também se orgulhará de vc. Eu sei q vai. E como!!
Um beijo, amo-te.
"PS prá-não-perder-a-piada": o máximo que pode acontecer é Mariana ficar tão maluca qto eu! hahahaha
eu acho q o jeito q vc fez ta bom, acho q não deve de forma nenhuma parar de trabalhar e a criança acaba se acostumando com isso, não se preocupa. é normal eles ficarem com birra de veiz em qdo., normal, isso faz parte, então acho q o jeito q vc fez de levar pra vó e ir trabalhar é o + certo mesmo, as crianças devem aprender bem cedo a lidar com esse tipo de situação, a vida não é mar de rosas, então devem se acostumar desde pequeno mesmo, essa é minha opinião, tá tudo certinho amica, não se preocupe,o Giovanni meu filho fem poucas vezes birra qdo o pai saia pra trabalhar pq meu marido Luiz viaja a trabalho e o Gi ficava de bico mais ele ja se acostumou, então não esquenta a cabeça. bjus da Edileida
ResponderExcluirAi Pati, conheço bem esse sentimento. Bento ainda não sabe me pedir para não ir trabalhar, mas demonstra claramente quando gostaria de ficar em casa comigo e o pai. Choraminga, fala "icola não", pega a bola e me convida para joga... Isso deixa a gente um caco mesmo (apesar de saber que eles ficam bem depois).
ResponderExcluirPor enquanto ainda não tenho argumentos porque ele é mais novo que a Mariana, não questiona tanto... apenas digo que "hoje tem escola", lembro que os amigos estarão lá para brincar... e sempre aos domingos, antes de dormir, já digo "agora é hora de dormir, amanhã tem escola", para lembrá-lo...
Boa sorte querida...
bjos
Patricia,
ResponderExcluiras meninas já disseram tudo! Sou solidária também, no momento estou pensando em como voltarei ao trabalho depois da licença maternidade.
vc respira fundo, muito fundo.
ResponderExcluirPat, péssima mãe tá bem longe de você. Inclusive a jornada integral está generalizada entre nós, e não posso dizer que sou melhor que você porque também passo 10h diárias longe da minha bebê.
ResponderExcluirMas reconheço uma coisa: por mais que o mundo tenha mudado, por mais que queiramos trabalhar, por mais que isso nos complete, por mais que precisemos da grana - a constituição das crianças não mudou. Elas precisam dos pais. E estamos pagando o preço pelas nossas conquistas.
O que a Nina fez é muito natural. É claro que ela ficou bem com os avós. Mas o certo, o certo mesmo, a gente sabe muito bem...
Essa frase acaba com qualquer mãe. E, por não suportar ouvi-la e por não ter mais mãe nem sogra com quem contar numa hora dessas, optei por largar tudo e ficar com minha filhota.
ResponderExcluirSou advogada. Gostava de trabalhar, mas quando Bebel nasceu, ir ao escritório, pra mim, era o pior dos tormentos. Estava me fazendo muito mal. E larguei!
Hoje, sou mãe em tempo integral e me sinto tão leve e tão feliz que não tem preço que pague!!
Bjos!
Juliana Almeida
www.blogdabebel.com.br
Ai, que difícil. Só posso me revoltar (ainda mais) com a jornada integral e desejar mais flexibilidade de horários, para que possamos, ao menos, optar por trabalhar em meio período (e abdicar de alguns luxos, mas acompanhar o crescimento dos filhos está muito acima disso)
ResponderExcluirBeijos solidários
Pat, por coincidência, ontem, o Lucas ficou perguntando sobre o meu trabalho, porque queria contar para os amigos o que a mãe dele faz. E eu, pela primeira vez, falei com alegria sobre o tempo que estou longe dele, trabalhando, sem ter que convencer a mim mesma de que não estou cometendo nenhum crime ou de que não sou uma mãe omissa e egoísta, que não tem tempo pra ele. Simplesmente, contei como é a minha rotina e ele gostou de ouvir. Foi mais fácil explicar porque saio todos os dias, às vezes com ele dormindo (como hoje), porque não vou buscá-lo na escola ou porque não o levo no futebol. E a razão é simples: vi que meu filho tem orgulho de mim. Pat, nós passamos a vida tentando realizar sonhos e ter uma carreira bacana está entre eles. Aliás, estará entre os sonhos dos nossos filhos também. Então, eu sugiro que você siga o conselho do Neural (comentário acima) e respire bem fundo, porque, logo a Mariana também vai querer contar pras amigas que a mãe dela é o máximo!
ResponderExcluirPaty, eu adoraria ter um ótimo conselho para te dar, mas não tenho. Já passei pela mesma situação duas vezes. Chorei no caminho de ida para o trabalho e boa parte da manhã. Nem mesmo tive o discernimento de fazer do trabalho uma coisa prazerosa. eu apenas disse que adoraria ficar com ela o dia todo brincando, mas que adultos precisam muito trabalhar e eu já estava atrasada. Sonho com o dia em que haja mais flexibilidade e a gente possa simplesmente matar uma manhã de trabalho para ficar em casa, brincando de boneca.
ResponderExcluirOlá! É a primeira vez que visito seu blog e este post me chamou muita atenção, quase chorei tb! Faz 7 meses que tive minha filha Heloísa e, decidi parar de trabalhar (este ano pelo menos) por inúmeros motivos, então fico em casa cuidando dela! Não sei bem como explicar tudo o que sinto, acho que ser mãe é essa loucura diária e uma mudança que reflete em todas as nossas escolhas e no nosso dia a dia...amo estar com a minha filha e acompanhar seu desnvolvimento, mas ao mesmo tempo sinto falta de ter um emprego, de me relacionar ao vivo com as pessoas, de ter um horário pra almoçar que seja, de ter minha independência financeira...enfim...agora vivo no dilema se volto a trabalhar e cuido dela ou, se estudo e cuido dela..e assim vou vivendo, um dia após o outro com a esperança de sempre tomar as melhores decisões por mim e por ela! Quem disse que ser mãe é coisa fácil né? Visita meu blog tb: www.desabafoepoesia.blogspot.com
ResponderExcluirSuper bj pra vcs!
Você já leu Vida de Equilibrista - Dores e delícias da mãe que trabalha? (http://vidadeequilibrista.wordpress.com/)
ResponderExcluirEu trabalhava período integral. Com dois meses de licença sabia que não poderia ficar em casa full-time, intuitivamente e racionalmente falando. Voltei ao trabalho por meio período (esse meio período seria temporário, uns 4 meses no máximo). Depois de dois meses, olhava para um lado e coisas que me incomodavam antes da licença ainda estavam lá, bonitinhas no escritório. Olhava para o outro e a minha filhota fofa em casa passando as tardes com a babá.
As coisas boas do trabalho (era um bom trabalho) não foram competitivas o suficiente para me segurar lá. Pedi demissão e assumi o meio-período definitivo na minha vida (pelo menos até que se decida o contrário), retomando minha profissão original de arquiteta, como autônoma.
Depois de 1 ano e 4 meses dessa experiência, te conto que no primeiro ano meu salário líquido foi para pagar a babá. Tendo trocado a babá pela escola, minha meta desse ano é que ele pague a escola e a empregada!
Minha rotina ficou muito mais interessante, se é que podemos dizer que temos rotina com crianças pequenas... tenho mais flexibilidade para lidar com os imprevistos de todos os lados. Tenho mais liberdade para decidir a hora do supermercado, se vou presencial ou virtual. Se vamos ao parque, visitar a vovó ou nadar de manhã. Se vamos às compras ou se vamos ficar em casa brincando.
Às vezes acho que sou uma péssima profissional por não me dedicar mais do que 4h diárias aos meus projetos. Aí meu marido ou minha sócia (que também compartilha o esquema meio-período) me lembram que não sou e tudo bem! Às vezes lembro do Miss Imperfeita da Martha Medeiros e não sei porque ainda não colei este texto no meu espelho!
Poucas vezes, porém, me sinto péssima mãe. E não é porque eu escolhi ficar meio-período com a minha filha. É porque, mesmo me sentindo exausta com tantas atividades, mesmo achando que não tenho tempo pra mim além de ler um livro (ou um blog) antes de dormir, mesmo me olhando no espelho e lembrando que passou da hora de ir ao salão de beleza ou voltar pro yoga ou vencer a preguiça (?) e fazer exercício aeróbico 3x por semana, mesmo lembrando que há mil anos não tenho um compromisso despreocupado de horário com as minhas amigas ou meu marido, mesmo com tudo isso, eu escolhi assim. Eu escolhi que era assim que ia ser e assim procuro me equilibrar. E uso o tempo que tenho para me dedicar. Todos os dias.
Como não existem fórmulas, cada um leva do jeito que pode, e quer! Usa o tempo que tem. E é isso aí, não poderia ser diferente com 6 bilhões de cabecinhas completamente diferentes andando sobre o planeta azul!
Não vou pedir desculpas pela invasão do blog, hein! Adorei o seu blog, a sua presença de espírito e a sua filha, além de linda, tem um nome lindo!
Abraços,
Uma outra Mariana
Oi Pat, passei por isso com a Cata essa semana!! Que merda! Olha só:
ResponderExcluirhttp://gravidezdamari.blogspot.com/2011/03/ela-chegou-culpa-essa-fanfarrona.html
Aí vim aqui, li esse seu post, chorei, e te copiei, tb fiz uma "atualização" (com a cor diferente da letra). Um beijão!! Mari.