quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O mundo anda tão complicado.

Mariana,

As minhas férias na praia eram no José Menino, bairro de Santos onde minha vó tinha apartamento. Praia o dia todo, porque ninguém falava em raios UVA, UVB, horário certo de tomar sol. Até onde me lembro, nem tinha esse negócio de filtro solar. Tinha um bronzeador paraguaio ou argentino ou sei lá o que que se chamava Rayto de Sol ou algo assim. Nas queimaduras de sol, hipoglós. E na praia valia comer pastel de carne e milho cozido. A bebida oficial era um mate gelado transportado numa espécie de contêiner de metal. E, claro, raspadinha. Ninguém nem sabia o que era salmonela. Nem tinha dengue. E arrisco dizer que o termo virose não havia sido inventado. Depois da praia a diversão era com as crianças mesmo, a gente brincava de pega-pega, esconde-esconde, ou ficava lá no prédio, fazendo nada, rindo de bobagens e juntando uns trocados para comprar chiclete na vendinha do lado. Simples assim.

Hoje, vésperas das nossas férias na praia, já estou fazendo a lista de protetores solares fator de proteção 60, repelente para evitar dengue, já sei que sol é só até 10 e só depois das 16. Na praia tudo é muito contaminado. Jamais te daria um pastel de carne, nem no meu pior pesadelo. Milho boiando naquela água morna, cultura de bactérias, deus que me livre. Raspadinha nem existe mais. Mate? Só dentro da latinha, e agora chama ice tea. Tudo assim, com ordem, com regra, com selo da ANVISA. E ainda tem o medo da virose, coisa comum do verão. Depois a mãe ainda organiza tudo, procura no google os passeios que vai fazer com o filho. Leva no aquário, leva no museu, estimula, ensina, vira a responsável pela diversão da criança. Muito complicado.

De igual, só o mar, que desde que conheço já era impróprio para banho em todo o litoral paulista.

Ai filha, nem sei te explicar direito o que isso significa. Mas te garanto que você nasceu num mundo bem mais chato do que o meu. Mais quente. Mais poluído. Com menos água limpa. Com uma camada de ozônio bem menor. E com tanta regra, tanto perigo e tanta coisa politicamente correta, que dá até preguiça.

Eu devia ter sido mãe nos anos 80.

6 comentários:

  1. Bom dia !!! exatamente assim que me sinto .... relembrando que bom mesmo era passear pulando no banco do carro sem estar presa a um "bebe conforto" .... ralando o joelho a cada tombo do carrinho de rolemã .... fazendo rabiola para os pipas do meu irmão .... chupando juju que na verdade não passa de gelo com corante, e que agente nem sabe se foi esterilizado aquele saquinho antes de colocarmos na boca .... e por ai vai .... também fui de uma geração que com certeza foi muito mais feliz que a que esta crescendo nossas pequeninas ....

    beijos e tenha uma ótima semana

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  2. Vivo pensando nisso, Pat!
    Menina, a gente ia prá Santos de Fiat 147, sem cadeirinha e sem cinto. Tomava ki-suco todo dia e brincava na areia.
    Saudade dessa época, sabia!
    beijo e ótimas férias!
    Dani

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  3. eu também, amiga, eu também...
    bjo bjo bjo

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  4. Meu Deus!!! É exatamente assim que me sinto! Vivo falando sobre isso. Que antigamente (cruzes, que palavra horrível), as crianças brincavam sozinhas, sem adultos controlando ou estimulando. Comíamos a rua, brincávamos nas ruas, sem medo e sem vigias.
    Aquilo é que era infância! Saudades!
    Bjos!
    Juliana Almeida
    www.bogdabebel.com.br

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  5. Olaaa
    Adorei seu blog!
    e que menina mais linda!! ja pensou em ser modelo?

    Sou estilista e meu blog é novo, quando puder me visite!
    So para Babys.

    Beijos
    Talitah Sampaio

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  6. Pat, e se pensarmos de outro jeito, invertendo os papéis durante as nossas férias? Vai ver que sua mãe te escreveria esse post mudando só as impressões que tinha quando viajava como filha. Minha mãe sempre me conta sobre suas idas à praia quando ela era criança e, pelo que diz, era divertido. Se eu pudesse, faria essa pergunta à minha avó, mas (aos 95) ela não anda muito pra papo como você sabe. E, só pra constar: a praia ficou mais divertida com nossas conversas. Quando voltar das férias, comece a preparar as próximas listas, dessa vez, incluindo dias legais com seus amigos aqui, tá? Beijos pra você e pro Fábio e um especial na Mariana!

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