Ainda sobre o caso da queda da escada.
Por que Mariana caiu da escada?
Porque quero que ela aprenda a subir e a descer sozinha. E isso ela já faz há bastante tempo, sobe e desce as escadas sozinha, longe de mim. E até então não tinha caído. Riscos de ensinar e não só proteger. Um acidente que poderia ter sido grave, eu sei. Mas não dá para evitar tudo, não dá para adivinhar tudo, é da vida, das coisas que tinham que ser para nos ensinar outras, do ramo do imponderável, do imprevisível. Enfim, caiu. Triste, mas já passou.
Tivemos portãozinho no topo da escada até quando ela pôde entender minimamente que descer e subir as escadas requer cuidado. Ela compreendeu e o portão, único item de segurança que adquirimos além da rede nas janelas, foi retirado. Ela tem que aprender, de novo, que escada é perigoso, porque a vida tá cheia de escadas e eu não posso colocar portãozinho em tudo o que vir pela frente. Infelizmente não posso. E se pudesse? Faria? Não sei, mas acho que não.
Minha casa nunca teve trava de gaveta. O cuidado que tivemos foi só retirar objetos cortantes e remédios do alcance dela. O resto fica lá. Mariana desde sempre soube abrir e fechar gavetas. Nunca prendeu o dedo. Talvez prenda. Mas só assim vai aprender. E, de novo, eu estou sempre por perto. Melhor vigiar e ensinar, novamente. Não pode ter preguiça. Seria imensamente mais fácil lacrar gavetas.
Minha casa não tem protetor de quinas. Mariana sabe que quinas machucam, e até já se machucou em algumas. Mas terá que aprender a se defender de quinas, e batentes de porta e coisas que não deveriam estar onde estavam. Tem que andar atenta, tomar cuidado, prestar atenção. A nós, cabe ensinar. Proteger não é ensinar.
Por fim minha casa não tem protetor de tomada. Por duas razões principais. A primeira, porque o mundo não tem protetor de tomada. Melhor ensinar que tomada dá choque, do que proteger a sua casa. Porque, de novo o raciocínio, não dá para colocar protetor de tomada no Universo. Segundo porque prefiro ficar de olho na minha filha. É mais trabalhoso ficar vigiando do que tornar sua casa um ambiente seguro. Opto por vigiar e ensinar. Assim crio uma pessoa independente. Proteger a tomada e ir folhear revista é mais cômodo, mas muito menos recomendável, ao meu ver. Maternidade ativa para mim é isso, mais do que tudo.
Estou tentando seguir assim. Mostrar o mundo. Mostrar as tomadas. Ensinar que às vezes ela vai levar choques, e aqui falo metaforicamente. É um risco que estamos correndo. Mas é o jeito que entendo certo de criar um ser humano, um cidadão, uma pessoa responsável. Bom pai, boa mãe, para mim, são aqueles que ensinam, repetem à exaustão, veem o erro e ensinam novamente, deixam cair e ajudam a levantar, mostram o risco e ficam por perto, advertem dos perigos e na adversidade consolam, mostram o caminho certo, mas estão de braços abertos se o caminho tomado for o errado.
Que estejamos certos nas escolhas que estamos fazendo.
Onde eu assino? É exatamente como penso! Aqui em casa tenho um lema: nada pode ser melhor para meu filho do que a independência. Nada substituirá a autoconfiança que a independência, a atenção, o cuidado de si e a iniciativa diante dos problemas do mundo darão ao meu filho. A melhor coisa que os pais podem dar aos seus filhos é autonomia. Sempre com responsabilidade, é claro, mas nunca deixar de dá-la, nunca mesmo. Um adulto inseguro será eternamente problemático, não importa quão inteligente, engraçado, bonito, gente boa etc. seja, porque sem autoconfiança, um adulto não segue com seus pés, vai claudicando pela vida. E segurança e autoconfiança a gente aprende desde cedo em casa, como você mencionou aqui neste post que deveria ser emoldurado.
ResponderExcluirParabéns pela lucidez!
CLAP! CLAP! CLAP!
ResponderExcluirEu poderia ter escrito esse texto! Penso e ajo exatamente como você! Na minha casa não temos protetores de nada, não lacramos nada, não subimos CDs e DVDs e demais enfeites de lugar, enfim...eu sempre digo o que vc disse: dá mais trabalho, corre-se mais riscos, pois temos que ficar sempre atentos, mas é assim que ela vai aprender a desviar dos obstáculos ou a não chegar perto do que machuca.
Concordo com a Mãe do Pitoco. Esse post deveria ser emoldurado!
Beijos,
NIne
Superconcordo!! Sou exatamente assim tbm! Sogra e algumas amigas me acham meio maluca até! Prefiro ensinar a subir e descer escadas, ensinar que tomadas são perigosas, ensinar que fogão é quente... enfim... cansativo isso mas aqui nunca houve acidentes, e se houver tenho certeza que vai ser um verdadeiro acidente pois meu filho sabe bem o que é ou não é perigoso!
ResponderExcluirbeijos
COncordo totalmente.
ResponderExcluirmesmo tendo colocado grade na piscina e portãozinho na escada vivo repetindo a frase: mas e quando a gente sair e lá não tiver portãozinho? amarro?
então deixo que isaac amplie seus limites.
aprenda da maneira que a vida permite.
meio difícil e complicado ensinar limites pra criaturinha de 3 anos que não tem medo e ontem mesmo enfiou as duas mãos na boca de um pit bul...
e vamos que vamos.
bjocas
Uia.. Antes de concordar e dizer que tbm assino naquela linha de baixo... fui lá ler o relato e fiquei com um nó na garganta.. !!!
ResponderExcluirPati, lá em casa somos assim tbm... tenho até problemas com minha mãe por isso, que quer cercar Laís numa rede de proteção.
Acho que agente ensina através da repetição e do aprendizado. E a gente só aprende que se cai vai se machucar, caindo!!! Não tem jeito.
Tbm acho q esse pode ser o jeito mais difícil.. mas tbm é o q tentamos fazer em casa com Laís!
(inclusive ela não chega perto do forno pq sabe que é quente - minha mães faz cup akes para vender e sempre o forno está acesso... ela já aprendeu que não pode por a mão! Quase tenho um troço, não queimou... mas ela aprendeu!)
otimo post!
Bjnhos em vcs
Concordo com tudo, como Ariane disse, sogra e amigas me acham doida, mas Ubiratan sempre foi independente e lívia vai ser igual, Lívia anda pela casa toda e não fico o tempo todo atrás dela, sei que ela não pode ficar só afinal tem 1 aninho.
ResponderExcluirlembro que quando Ubiratan nasceu pelo Sus na época não tinha convênio, uma psicóloga deu uma palestra para as mamães na maternidade ainda. Ela dizia que os bibelos da casa tinha que continuar onde estavam, nada de tirar coisas da estante, quando o bebê nasceu já estava tudo lá cabe a nós ensiná-lo que não pode mecher em tudo.
Não aceito que meus filhos abram portas de armários e jogue a louça no chão, pois certamente na casa de outros vai querer fazer igual e ai não da né.
bjus
Pat, aqui em casa nós temos protetores de tomada (acho que nem precisava, porque as tomadas aqui são daquelas novas, bem mais segura), mas só. Louças, produtos tóxicos e até facas estão ao alcance de Emília. Muitas vezes, antes que pudéssemos reagir, lá estava ela com uma chícara florida de porcelana na mão pedindo água. Adotamos esse esquema aqui porque Emília é relativamente cautelosa. Com 1a7m, já sabe que não pode mexer em facas. Pode ser que se eu tivesse uma criança mais agitada e destemida, tivesse de tomar outras medidas.
ResponderExcluirEsses dias meu coração quase saiu pela boca. Ela quase caiu de um brinquedo bem alto no parquinho, porque tropeçou ao atravessar a ponte. Depois uma babá me contou que outra criança já caiu de lá, mas como era maior, não foi grave. Mas machucou muito. Pra ela, certamente seria uma queda fatal.
A gente tem de avaliar tudo pra saber que medidas de cuidado tomar: a idade dos nossos filhos, sua personalidade, sua coordenação motora.
Com esse lance de escadas é que eu tenho mais medo, porque Emília é muito pequena e, apesar de conseguir subir e descer escadas sozinha, basta ela se cansar pra começar a tropeçar.
Beijos!
Sempre visitei aqui, mas como meu tempo anda corrido tenho visitado menos vezes, mas a partir de hoje vou visitar mais vezes prometo
ResponderExcluirBeijoss
Uau, como eu não conhecia esse blog???
ResponderExcluirSuper concordo com tudo! A opção pela maternidade ativa é enriquecedora, mesmo que um pouco desgastante. De que adianta proteger de tudo se eles são do mundo?
Beijos, voltarei sempre!
Rapha, mãe da Alice
Filhote de Humano
Maternar Consciente
Tudo verdade cumadi...Alias , fiquei sabendo da Mari.. e q bom que foi um susto e só. Bjs pra vcs
ResponderExcluirOlá Patricia, somos no site da C&A e estamos atualizando no Mailing de blogueiras. Você poderia me manda por email (luisa@trip.com.br) o seu email e seu nome completo ! Obrigada, Luisa.
ResponderExcluirEu sou a favor de que cuidado nunca é demais, e com certeza cuidado e amor é o que não falta pra Mariana não é? Beijos
ResponderExcluirBom, estou um pouco atrasada, afinal a postagem é de 2011..mas ai vai..
ResponderExcluirConcordo em ensinar, em vigiar, cuidar mas deixar de proteger nao. Concordo que nao devemos mudar a casa por conta de um filho mas alguns cuidados sao essenciais. Trabalho o dia todo e nao tenho a oportunidade de ficar o tempo todo com minha filha de 8meses. Encontrei esse blog procurando protetores de tomada na internet e fiquei surpresa com o relato dessa mae. Me perguntei:se tivesse acontecido alguma coisa grave com sua filha teria escrito da mesma forma, teria a mesmissima opiniao? Prefiro nao pagar pra ver..vou colocar protetores em casa e tambem vou cuidar das escadas. Nunca colocaria a vida da minha filha em risco por conta de uma maneira que eu julgo inflexivel de educar.
Diones M.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirChoques em simples tomadas podem levar a morte sim. Basta pesquisar. O maior perigo é achar que não há perigo. E casa segura é aquela que o bebê pode ficar sozinho e mesmo assim sem riscos. Pois o adulto pode por exemplo passar mal ( desmaiar, sei lá) e a criança fica sob risco pois o ambiente não está apropriado para a faixa etária. Colocar os protetores não quer dizer que vai largar a criança e ficar lendo revista. Assisti sobre a razão de tantos cuidados isso numa palestra sobre prevenção de acidentes na infÂnciada USP. O mundo não tem protetores de tomadas mas também não tem alguém superviosionado 100% do tempo. Abraço! Luiz Q.
ResponderExcluirAcho temerário assumir uma postura assim, porque ser mãe é ser ativa realmente mas não existe super mãe, aquela que nunca perde o filho de vista, aquela que não tem que atender um telefone ou atender a um chamado. Então acho que é mais fácil ser descuidada do que ser cuidadosa com certas coisas, crianças e bebês não tem total entendimento e precisam da supervisão de adultos, não adianta pensar que seu bebê é um mini adulto porque não é. Vi um comentário de uma mãe que disse que a filhinha de 01 anos e 07 meses tem acesso as facas de casa? Me desculpa mas eu fico estarrecida com tamanha falta de zelo, então um bebê de 01 ano e 07 meses tem maturidade e é cuidadosa suficiente para manusear facas?! Concordo com o comentário aí de cima o mundo não tem protetores de tomada mas também não tem ninguém vigiando 100% do tempo. Quanto ao seu caso e se sua bebê tivesse tipo um traumatismo craniano? Quebrado o pescoço? Será que você estaria tão orgulhosa assim?! Um choque numa tomada de 220 volts pode sim matar uma criança, eu acho que incitar esse tipo de comportamento é irresponsabilidade, o mais importante numa casa não é a ordem das coisas e sim a segurança da criança. Se for pra deixar o ambiente mais seguro tudo é válido e isso não quer dizer que a mãe não cuidará do bebê.
ResponderExcluirEstarão de braços abertos pra quem???? pra sua filha???? depois que ela levar esse "choquinho" que vc menciona ai vc acha que ela vai existir??????
ResponderExcluirFaz favor né moça, a cada linha que leio desse seu textinho sem fundamentos sinto mais pena dessa sua filha
Pena mais ainda dessas mãe que concordaram com vc!
ResponderExcluirO ambiente de casa deve sim! ser o mais seguro possivel, é lá que a criança deve começar a desenvolver sua independencia sem supervisão de um adulto 24 hr, durante passeios fora é que os olhos do responsavel pela criança devem ficar nela 100%!
Ah e faz favor de escrever no titulo ou no link que seus textos são direcionados á mães desocupadas, que não trabalham, (não que desmereça ser mãe, jamais! sei que é a função mais trabalhosa do universo), mas faz esse favorzinho pra NÓS, mamães que trabalham fora para não perdermos nosso tempo que já é curto.
Concordo! Só aprendemos com os erros. Faltou interpretação para "alguma" leitora. Existe uma mãe "por aí" que é contra. Não entendo o motivo, já que não é parte ativa na criação de seus filhos. Criticar é bom, mas quando não sabem de nada sobre nossas vidas. "Tem mãe" que teve seu primeiro filho muito nova, sendo imatura no inicio, não há oque reprimir. Mas todos temos discernimento suficiente para saber que se há um pai exausto após o trabalho que esta em casa cuidando de seu filho enquanto você estaria estudando, o mesmo mereceria respeito. Este pai fez tudo oque pode para que houvesse ali uma família. Estudou, trabalhou enquanto isso a mãe de seu filho deixava sua prole na casa de vizinhos para utilizar-se de cannabis sativa e orgias sexuais. A família acabou, ou nunca existiu. O filho ficou... com quem? Ha, com a mãe é claro! Sim, aquela das drogas, alcool e orgias (Nada contra beber e transar a menos que não deixe seu filho de lado para isso). Logo ela conseguiu o caminho para tudo oque queria. Trabalhar, estudar e cuidar de seu filho? Não, foi alguém pra "bancar". Disse ao pai de sua prole! Logo mudaria de cidade, dizendo que seria algo temporário; que só iria terminar a faculdade, a qual seria bancada pelo atual. Cortou o contato com o "ex pai", não somente o seu contato, mas também o da filha. Hoje ela trabalha, talvez estude, mas não é mãe! Pois quem cuida de seus dois filhos são os pais de seu marido. Então senhoras, muito cuidado ao criticar. Aqui pode ser um "ex pai" que você excluiu da vida de seu filho. Mas como sempre foi pai, seguirá cada passo de quem diz que cuida de sua filha.
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